Geraldo Lewinski nasceu em 1927 em Allenstein, uma cidade alemã próxima à fronteira polonesa, e teve a sorte de emigrar com sua família para o Brasil em 1939 e sobreviver. Geraldo conta que sua família seguia as tradições judaicas e que levavam uma vida confortável e pacata. Tudo começou a mudar a partir de 1935, quando foram publicadas as Leis Raciais de Nürenberg. A partir de então, as famílias judias começaram a sentir na pele o antissemitismo e o ódio. Na escola pública onde Geraldo estudava, os alunos judeus passaram a sofrer agressões verbais e físicas infringidas por outros alunos que tinham o apoio dos professores. Os inflamados discursos do Führer contra os judeus começaram a se tornar reais. Curiosamente o pragmatismo alemão dominava.
\r\nMartin, o pai de Geraldo, tinha uma loja de artigos de couro para sapateiros. Apesar do aviso, “Esta loja é de judeus”, ele vendia mais que seu concorrente não judeu graças aos preços competitivos e às mercadorias de melhor qualidade. É claro que isso acabou logo, pois o governo mandou que ele vendesse a loja para um ariano por míseros 50 marcos.
No final de 1937 a família foi para Berlim, onde aparentemente a vida dos judeus era mais fácil e talvez houvesse a possibilidade de conseguir um visto para fugir da Alemanha. Alugaram um apartamento na Rua Alexander, por acaso bem em frente ao quartel da Gestapo, a polícia política. Esse detalhe, como veremos adiante, salvou a vida do pai de Geraldo.
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Apesar de terem conseguido vistos para a República Dominicana, um amigo da família os convenceu a tentar o Brasil. O problema era que, sob orientação do governo fascista do presidente Vargas, nosso país não dava visto para os judeus. Com muita persistência, finalmente o pai de Geraldo conseguiu um visto de turista no consulado brasileiro de Antuérpia, na Bélgica. Enquanto preparavam a viagem para o Brasil aconteceu a “Noite dos Cristais”.
\r\nPara saber mais sobre a história de Geraldo Lewinski e outros imigrantes, consulte o livro 100 Anos de Imigração Judaica do Leste Europeu, de Marcio Pitliuk, Editora Maayanot.